Sistema de produção de milho com leucena, consórcio de milho e feijão, silagem de milho e de sorgo para alimentação do gado, minimilho, milho de pipoca, milho-doce, milho-verde e milho convencional são alguns dos trabalhos realizados pelo pesquisador da Embrapa Israel Alexandre Pereira Filho. Engenheiro agrônomo e fitotecnista, ele contribuiu para o desenvolvimento da agricultura e para a produção de grãos e de leguminosas no Brasil e no mundo.
De acordo com a Embrapa, Israel iniciou sua carreira na Embrapa em 1975. Ele destaca alguns trabalhos que liderou e que tiveram repercussão internacional. “Desenvolvi um sistema de produção de milho com a leucena, uma leguminosa que fornece grande quantidade de nitrogênio para a cultura do milho. Esse trabalho foi muito solicitado por vários países. Recebemos muitos pedidos, inclusive do Vietnã, da Alemanha, dos Estados Unidos e da França. A biblioteca fazia o intercâmbio dos trabalhos. Essa pesquisa foi muito importante também para a agricultura orgânica e familiar”, afirma Pereira.
A atuação de Israel também está marcada com o desenvolvimento de uma tecnologia para a produção de minimilho no Brasil. “Não havia minimilho no País, e por meio de um trabalho em conjunto com o Dr. Elto Gama, recebi as cultivares de milho-pipoca, de milho-doce e de milho comum para testes de como se comportavam como cultivares próprias para minimilho. Hoje, todo minimilho produzido no País veio da tecnologia desenvolvida pela Embrapa Milho e Sorgo”.
Pereira é editor dos livros “Minimilho: cultivo e processamento” e “500 perguntas, 500 respostas de Sorgo”.
Da coleção Plantar, da Embrapa, ele escreveu:
- A cultura do milho-verde;
- A cultura do milho-doce;
- A cultura do minimilho;
- Produção e utilização de silagem de milho e sorgo (coautor).
Atualmente era o responsável pelo levantamento de cultivares de milho, que tem como objetivo principal informar o produtor sobre as novas cultivares que vão para o mercado anualmente.
“Contribuí com outras tecnologias ligadas a outras culturas, como a do feijão comum e do feijão-caupi, milheto e girassol. Nas universidades, quando dávamos cursos específicos de milho, os alunos nos tratavam como sendo professores. Quando se fazia um dia de campo nas fazendas, os produtores ficavam muito felizes por receber um pesquisador da Embrapa, era um orgulho para eles”, diz Pereira.
Além disso, Israel também contribuiu para o desenvolvimento e para o melhoramento genético de cultivares de feijoeiro comum e caupi, visando especialmente plantas mais adaptadas às regiões Norte e Central do estado de Minas Gerais.
História de Israel Alexandre
Natural de Carmo da Cachoeira, Israel nasceu em 1949, em uma fazenda onde seu pai trabalhava em lavoura de café. Ainda bebê, com seis meses, ele foi para Lavras para fazer um tratamento de saúde. Nesse tempo, seu pai foi trabalhar em Lavras, na Rede Ferroviária Federal, e sua família se mudou também para essa cidade. Lá, ele estudou em um colégio presbiteriano, de missão norte-americana, onde conheceu e aprendeu a falar a língua inglesa, que fazia parte da grade escolar do Colégio Instituto Gammom.
Depois do curso científico, ele ingressou no curso de Agronomia da Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL). “Concluí a graduação em 1974. Durante o curso, fui monitor do Departamento de Agricultura, onde comecei a fazer pesquisas, orientadas pelos professores, para melhoramento de genética de milho, feijão e arroz. No quarto ano de Agronomia, o meu orientador, Marco Antônio, primo do Dr. Eliseu Resende, me disse que eu era muito bom e dedicado e por isso ia me recomendar para trabalhar na Embrapa. Naquela época foram contratados quatro alunos”, comenta Israel.
Em 1975, Israel iniciou sua jornada na Embrapa. “Fui a Brasília para me apresentar e levar meu currículo. Ao mesmo tempo, iniciei o mestrado em Lavras. Após concluir o mestrado, fui trabalhar na Unidade de Pesquisa e mbito Estadual (UEPAE), de Penedo, em Alagoas. Essas Unidades eram chamadas de “Embrapinha”. Lá eu fiquei uns seis anos fazendo pesquisas em duas áreas: consórcio de milho e feijão e silagem para alimentação de gado. Foi uma boa oportunidade também para introduzir a silagem de milho e de sorgo naquele estado, principalmente na região de Batalha, cidade bacia leiteira de Alagoas”, relata Israel.
De Alagoas, Israel voltou para Minas Gerais e atuou na Epamig, em Pato de Minas, durante seis anos, como gerente da Fazenda Experimental de Sertãozinho, onde paralelamente continuou trabalhando com o consórcio de milho e feijão. Após essa experiência, em março de 1987, ele veio para a Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, onde primeiro desenvolveu a função de gerente de Campos Experimentais.
“Sempre fui muito querido por todos aqui dentro da Embrapa e por onde passei. Para mim, os colegas de trabalho são membros da minha família. Eu costumo dizer que a Embrapa é uma mãe para mim, para nós. Por isso, considero todos os meus colegas de trabalho como irmãos e procuro dizer que devemos estar sempre de bem um com o outro”.
“Devo tudo que tenho na vida à Embrapa, mas que paguei com o meu trabalho. Saio com a consciência tranquila do meu dever cumprido e por ter contribuído muito para o progresso do agronegócio. Ingressei na Embrapa em abril de 1975 e estou saindo em 3 de fevereiro de 2023, somando 48 anos de serviço. Quase meio século”, exclama Israel.