Ministro da Agricultura detalha renegociação de dívidas dos produtores rurais

Prazo para pagamento das parcelas dos financiamentos que vencem em 2024 será adiado; medida acontece após repercussão do “Minas Grita pelo Leite”

Reunião realizada na sede do Mapa, nesta terça-feira – Divulgação/ Mapa

Após reunião com parlamentares que representam o setor agropecuário no Congresso Nacional, o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, anunciou que o ministério enviou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) a proposta de repactuação de dívidas dos produtores afetados pelas adversidades climáticas em 2023.

A medida, que beneficia os produtores de leite, é uma das reivindicações apresentadas pela Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e outras instituições durante o “Minas Grita Pelo Leite” – evento que reuniu mais de 7 mil pessoas em Belo Horizonte, no último dia 18.

O processo de renegociação dos débitos também será disponibilizado aos produtores de milho e soja e pecuaristas de corte. “A repactuação dos contratos de investimentos será analisada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) nos próximos dias e deve permitir aos produtores de soja, milho e da pecuária leiteira e de corte dos estados impactados o adiamento (do pagamento) dos débitos que vencem em 2024”, afirmou Fávaro em seu perfil no Instagram.

A reunião teve a presença do presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, do vice-presidente na Câmara dos Deputados, Arnaldo Jardim, dos senadores Tereza Cristina e Alan Rick e dos deputados federais Alceu Moreira, Isnaldo Bulhões, Marussa Boldrin, Sérgio Souza e Vicentinho Júnior, e do assessor especial do ministro, Carlos Ernesto Augustin.

“Também tratamos de linhas de crédito e outras ações que podem ser adotadas pelos parlamentares para estruturar o setor agropecuário brasileiro”, complementou o ministro Carlos Fávaro. De acordo com o Ministério da Agricultura, para os débitos referentes ao custeio, será realizada a análise de crédito e a avaliação de cada caso.

“Também foram discutidas as medidas para conter o preço dos alimentos básicos. Conforme Fávaro, uma delas será a apresentação, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), dos Contratos de Opção para arroz, feijão, trigo e milho como forma de estimular a produção”, explica uma nota sobre a reunião que está publicada no site do Ministério.

Preço do leite em baixa

Mesmo após o início da vigência do Decreto 11.732, que alterou as regras do Programa Mais Leite Saudável, o preço do leite pago ao produtor rural ainda está em baixa em Minas Gerais. De acordo com o Conseleite-MG (Conselho Paritário entre Produtores de Leite e Indústrias de Laticínios), o valor de referência do leite entregue em março/24 a ser pago em abril/24 é de R$ 2,3243.

Para o presidente da Comissão Técnica da Pecuária de Leite do Sistema Faemg Senar e integrante da diretoria do Conseleite-MG, Jônadan Ma, o resultado ainda ficou abaixo das expectativas, apesar de um pequeno aumento em relação ao último mês. “Uma preocupação maior que nos foi apresentada foi o alto nível de importações do leite em pó e de queijos também neste mês de março. Houve uma pequena redução em relação ao mês anterior, no caso de fevereiro, em relação também ao mesmo período do ano passado. No entanto, a importação foi na ordem de 185 milhões de litros”, disse Jônadan

De acordo com o presidente da Comissão Técnica da Pecuária de Leite do Sistema Faemg Senar, um ponto observado e discutido na região do Conseleite foi que os prejuízos com as importações não estão restritos aos produtores. “As indústrias também estão tendo prejuízo porque estão trabalhando com muito mais ociosidade e não estão conseguindo operar em plena capacidade. Isso também é algo indesejável e temos que reverter a situação o mais breve possível. Por isso que o Conseleite vem mostrar uma realidade que o valor está em recuperação. No entanto muito abaixo do esperado. Após tantos meses de operação, de trabalho, de produção de leite por parte do produtor em prejuízo total. Essa recuperação deveria ser mais rápida para tentar salvar o produtor de leite”, lamentou Jônadan.

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